Com o coração aos pulos, eu vi aquela manhã se arrastar, como se não quisesse passar, apenas para atrasar a minha ida à uma loja de enxovais infantis na hora do almoço.
Naquele dia eu nem almocei, entrei naquela loja e fiquei lá, namorando as roupinhas, os acessórios, os protetores de berço, as chupetas, os macacõezinhos, os sapatinhos, os brinquedos, os utensílios de banho, os cortinados, as cestas onde se colocam aquelas coisinhas fofinhas, cheias de tecidos, fitas e tules, as toalhinhas de boca e banho, as banheiras, os pagõezinhos, os mijõezinhos, os jogos de mamadeiras, as fraldas empilhadas em pacotes de todos os tamanhos...
Eu fiquei lá, olhando ...olhando...imaginando quantas vezes eu ainda iria entrar lá, com muitos sonhos nos olhos e quase nenhum dinheiro no bolso...
Por fim me decidi por um macacãozinho branco, com golas e punhos azuis.
O primeiro presente que eu comprei para o meu sobrinho e afilhado, eu pretendia que ele saísse da maternidade com aquele macacão.
Enquanto voltava para o segundo período de trabalho, trazendo na bolsa aquele pacotinho, envolto num papel todo colorido, repleto de motivos infantis, eu ria de mim mesma, da ilusão de que poderia planejar alguma coisa, era pura ilusão minha! na minha casa, nenhuma regra era respeitada mais, não tinha nada no lugar, tudo era mudado de lugar toda hora, e quando se procurava algo, se encontrava nos locais mais improváveis possíveis, quando encontrava!
Passei a tarde pensando numa maneira de guardar o enxovalzinho do bebê em segurança.
Pois meu salário nunca foi grande coisa, por isso cada aquisição sempre foi tida como um troféu. E as roupinhas do meu sobrinho se tornaria um verdadeiro tesouro, porque dali para frente eu haveria de renunciar à alguma regalia para garantir que nada lhe faltasse.
Sim, ele tinha os pais, mas ambos sempre estiveram ocupados demais com as despesas da doença de sua mãe.
E raramente sobrava algum trocado.
Mostrei o macacãozinho para minhas amigas que trabalhavam comigo, elas se encantaram, uma delas também estava grávida, o seu bebê nasceria em setembro, estávamos em julho, ela estava se dedicando em fazer um lindo enxoval para o seu primeiro filho, e percebendo a minha preocupação, me tranquilizou dizendo: _"o meu bebê nascerá antes do seu sobrinho, então vamos combinar o seguinte, toda roupa que não servir mais para ele, eu dôo para o bebê do seu irmão, tudo bem?"
Eu fiquei muito emocionada, nem tive palavras para agradecer.
A partir daí minha preocupação voltou a ser com a escolha do nome.
Graças a Deus sempre fui rodeada por anjos terrestres, os quais me socorrem nos meus momentos mais difíceis, então ouvi de minha outra amiga: _"Você diz que quer um nome bíblico, não é isso?, porque você não coloca Tobias, é um nome tão lindo, e não é comum."
Eu sorri e lhe disse, _ já pensei neste nome, mas a novela que terminou tinha um personagem com este nome, e eu vou odiar, ouvir alguém dizer que eu coloquei o nome no meu sobrinho, para homenagear galã de TV, acho isso de um mal gosto....
No mesmo momento ela respondeu: _"Mas até o bebê chegar, ninguém mais vai lembrar da novela...desencana!"
Eu conclui: _" É isso mesmo, e não devo satisfações a ninguém, vou ler o Livro de Tobias na Bíblia, se a história tiver algum significado para a nossa família, meu sobrinho será batizado com este nome.".
Quando cheguei em casa naquela noite, fui direto para o meu quarto, peguei a Biblia e comecei a ler o Livro de Tobias.
Logo nos primeiros versículos, comecei a ficar arrepiada.
Naquelas páginas, eu encontrei a explicação para aquela gravidez tão improvável.
A cada novo capítulo, meu ser era tranquilizado, e eu adormeci abraçada à Palavra de Deus, sem banho e sem jantar.
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